quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O varejo precisa se unir, diz empresária Luiza Trajano

A presidente do Magazine Luiza defende que o setor precisa trabalhar junto para sair da atual crise e ajudar o País a prosperar

Em vez de se queixar da difícil situação do País ou reclamar de eventual queda nas vendas, a empresária Luiza Helena Trajano, diretora-presidente do Magazine Luiza, preferiu dar outra direção à sua palestra no evento Latam Retail, realizado recentemente pela consultoria GS&MD, em São Paulo. Ela falou em potencial de consumo, confiança e responsabilidade das empresas. Bem à vontade diante de seus concorrentes e seus pares, a empresária e presidente do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo) foi categórica: "não dá para ficar pensando só no próprio quintal. O varejo tem de se unir para sair da crise e ajudar o País a prosperar". Conheça suas opiniões, apresentadas no evento da GS&MD.



Consumo no país
O Brasil é um País que tem consumo. O consumo não acabou. O que está acabando é o nível de confiança das pessoas. No nosso País, só 54% das pessoas têm máquina de lavar roupas e só 10% têm TV de tela plana. Nós precisamos construir ainda 20 milhões de casas próprias nos próximos 10 anos para ter igualdade social. Imagina o que é construir 20 milhões de casas! Quanto vamos vender de tudo!

Otimismo e confiança
Me chamam de otimista, mas não sou otimista. Sou confiante e acredito na minha empresa. Existe uma frase que traduz minha posição: otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior. Na minha empresa, toda segunda-feira, cantamos o Hino Nacional. Isso há 20 anos. Acredito que precisamos acreditar no Brasil. A gente só sabe falar mal do Brasil. Não vamos reclamar, vamos fazer de conta que não tem crise. Vamos buscar alternativas.

Resgate do país
O varejo é o maior empregador do Brasil, depois do governo. Temos que ser protagonistas deste País. Neste momento, só temos que tomar uma atitude: resgatar o Brasil. E só conseguiremos fazer isso juntos – sem pensar apenas no próprio quintal. Até cinco anos atrás, tínhamos três alternativas: reclamar, culpar ou tomar uma decisão. Resolvemos tomar a decisão – a de nos juntarmos em torno de uma associação para fazer mais pelo varejo e pelo País. Hoje, no mesmo quarteirão, tenho cinco concorrentes, com os quais luto pelo mesmo cliente. Durante o dia eu e meus concorrentes queremos nos matar. Porém, graças aos inúmeros jantares na casa do Flávio Rocha (presidente da Riachuelo), aprendemos a nos unir e a pensar no varejo como um todo. Criamos o IDV e hoje descobrimos a nossa força.

Produtividade baixa
O Brasil tem um problema muito sério de produtividade. Acho que temos uma legislação trabalhista paternal, que atrapalha o desempenho das pessoas. No Magazine Luiza, tentamos fazer uma coisa diferente. Lá, todo mundo, os 23 mil funcionários são vendedores. Lá é proibido falar que é diretor, presidente, porque todo mundo é vendedor. No nosso escritório, cada funcionário tem cinco produtos para vender. Tem de ter foco, caso contrário, teremos que dispensar gente. Essa é a realidade.

Crise econômica 
Quero dizer que é um momento muito difícil do País mas não é o único que vivemos até hoje. Nunca me esqueço quando o Fernando Collor confiscou o dinheiro das pessoas, eu cheguei à rua Oscar Freire (região nobre de São Paulo) e parecia que tinham jogado uma bomba, tudo vazio. Estamos passando por momentos difíceis, mas a empresa tem de se adaptar a eles.

Expansão e capital escasso
A Magazine Luiza comprou 17 lojas, da junção do Ponto Frio com as Casas Bahia, e queremos abrir 30 lojas este ano. Sabe onde a gente arruma dinheiro? É muita fé (risos), brincadeira, claro. A nossa proposta na empresa diante da dificuldade de capital de giro é trabalhar mais com menos. Parece uma coisa simples mas é muito séria. Com essa atitude, trabalhando toda a cadeia, a gente conseguiu abaixar 30% do nosso investimento em expansão. Mas ainda é muito difícil com essa alta de juros. Nós temos que lutar para parar com o aumento dos juros porque a gente já não agüenta mais buscar financiamento para crescer. É muito difícil expandir sem capital, mas nós somos todos sobreviventes, Nós somos apaixonados porque a gente vende muito e ganha pouco. Acho que o que nos move é essa paixão porque não é fácil não.

Gestão de pessoas
Por que o varejo é o maior empregador que tem? Porque cada loja que você abre você não tem jeito de aproveitar a mesma mão-de-obra. Então estamos constantemente contratando 50, 60 pessoas.

Fonte: http://www.sm.com.br/

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