terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Antecipação de recebíveis

Adiantar o recebimento de compras de Natal pagas com cartão de crédito e cheque pré-datado pode ajudar a empresa recompor caixa. Mas é preciso analisar vantagens e riscos e se planejar 

Durante as semanas que antecedem o Natal, aumentam as vendas e, consequentemente, os pagamentos por meio de cartão de crédito e, até mesmo, cheques pré-datados. Afinal, essa modalidade ainda é comum em muitos supermercados. E isso pode ser uma oportunidade para recompor o fluxo de caixa da empresa por meio da antecipação desses recebíveis. Mas, para isso, é preciso avaliar em que situações compensa realizar essa transação e, principalmente, planejar-se para isso.

Nessa modalidade, o varejista recebe antes da data prevista o valor referente a compras pagas a prazo, o que inclui também duplicadas de boletos que ainda estão por vencer.  “A empresa antecipa o título a vencer recebendo o valor imediatamente, mediante o pagamento de juros, IOF e despesas do período”, explica Renato Gruer, sócio da assessoria contábil Meta Solução.



Como funciona a antecipação de recebíveis 

Recebíveis de cartões: deve ser solicitada à operadora de cartões ou ao banco com o qual o supermercado mantém convênio. As vendas feitas pelo cartão, que seriam creditadas posteriormente, têm seus valores antecipados para a empresa. É a operação mais simples e rápida, pois os agentes financeiros já possuem a documentação do varejista e normalmente não solicita outra garantia à empresa nem aprovação de limites. Muitas vezes, pode ser solicitada pela internet, quando já houver uma adesão do varejista a esse serviço eletrônico.

Desconto de cheques: para quem ainda aceita pagamentos com cheques pré-datados, a antecipação de valores funciona de forma semelhante à dos cartões. Mas, nesse caso, é preciso levar os cheques ao banco responsável. A instituição irá realizar uma análise do perfil da empresa para definir um limite ao valor descontado e até mesmo as situações em que poderá recusar algum cheque que não tenha fundos. Segundo Renato Gruer, da Meta Solução, essa operação geralmente tem custo superior à de cartões, pois são cobradas taxas de liberação e cobrança bancária.

Desconto de duplicatas: assim como os cheques, descontar duplicatas – cópias de faturas de vendas a prazo que podem ser levadas ao banco para recebimento antecipado – é um processo sujeito a análise e que pode ser recusado pelo agente financeiro em alguns casos. Há situações em que a antecipação também pode ser solicitada por internet, mas só quando já houver um acordo entre varejista e agente financeiro, que estabeleça limites e garantias para a operação.




A vantagem desse tipo de capitalização é, quase sempre, a taxa menor de juros paga aos agentes financeiros. “Na antecipação de recebíveis, o próprio direito ao recebimento do valor é dado como garantia da operação. Dessa forma, as negociações geralmente são mais simples e as taxas tendem a ser menores do que nos empréstimos disponíveis”, aponta Neusa Waskiewicz, diretora da Waskys Contabilidade e Consultoria Empresarial.

Os diferentes tipos de antecipação de recebíveis possuem procedimentos diversos para serem contratados. Já os prazos para liberação dos valores variam de acordo com a instituição financeira. Mas, vale ressaltar, há riscos envolvidos nessa operação que precisam ser analisados pelo supermercadista. Um ponto importante é avaliar se o valor que está sendo antecipado fará falta lá na frente. Além disso, o varejo estará contraindo uma dívida com a empresa concedente, já que a transação gera custos para a instituição financeira.

Por essa razão, o planejamento desse tipo de operação deve ser rígido. “Pode acontecer um desencaixe no fluxo de caixa. E, se ocorrer inadimplência, quem antecipou o título poderá cobrar o valor dele mais multa e juros da operação”, lembra Gruer. Esse cuidado também vale para caso de desconto de duplicatas.

 Já Neusa Waskiewicz, da Waskys, alerta para que todas as condições do acordo sejam colocadas na ponta do lápis. “Antes da operação, a empresa deve realizar uma projeção de fluxo de caixa para saber se o valor que está sendo antecipado fará ou não com que fique no vermelho no futuro”, aconselha. Afinal, todo cuidado é pouco quando se mexe com a geração de caixa de um supermercado. 



Quando optar pela antecipação 

Antes de optar por antecipar um recebível, é preciso analisar se a operação compensa. “Como todo tipo de crédito, esse tipo de transação não pode se tornar recorrente numa empresa”, lembra Neusa Waskiewicz, da Waskys Contabilidade. Nos casos em que for inevitável a busca por recursos adicionais, Renato Gruer, da Meta Solução,pindica algumas situações em que a operação pode ser menos danosa para o varejista:

- Cobrir dívidas que possuem juros maiores: por exemplo, cheque especial e cartões de crédito, que cobram mais de 12% ao mês. Trocar essa dívida pelos juros menores da antecipação pode até gerar uma economia dentro da empresa, se isso não levar um buraco no fluxo de caixa futuro.

- Pagar despesas extraordinárias: se apareceu alguma despesa que não estava planejada (multas, homologações, entre outras) e houver o risco de inadimplência, pode ser mais viável antecipar valores futuros e não deixar que sua empresa fique no vermelho.

- Situações de sazonalidade e 13º salário: há épocas em que tudo fica mais apertado, em especial com custos trabalhistas. Pagar as bonificações de final de ano com valores antecipados pode ser viável, desde que haja planejamento e garantia de que as vendas que ainda irão ocorrer cobrirão essa despesa no futuro.

Fonte: http://www.sm.com.br/

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