quinta-feira, 4 de junho de 2015

Quando cortar ou não pessoas (e como decidir com inteligência)

Reduzir o quadro é muito mais complexo do que se imagina. Mas há empresas que optam por manter suas equipes, engajando-as a produzir mais. Entenda 

Em tempos de crise, é natural as empresas buscarem cortar custos e elevar a produtividade a fim de preservar seus resultados. E, em muitos casos, a discussão acaba passando pela redução da mão de obra. O mais comum é que as organizações tentem o chamado “fazer mais com menos”. Mas essa é uma decisão que precisa ser bem pensada, avaliando o planejamento estratégico da companhia. A ideia é não correr o risco de tomar atitudes desalinhadas com a necessidade do negócio.

Uma outra maneira de agir, como explica o Hay Group, consultoria global de gestão de negócios, é a companhia se propor a “fazer mais com os mesmos recursos”. Essa alternativa pode contribuir principalmente para empresas que planejam manter o ritmo de crescimento independentemente da conjuntura econômica.

Quando não existe alternativa além de reduzir o quadro, a empresa precisa tomar cuidado para diminuir apenas gorduras. “Há situações em que a companhia acaba equivocadamente cortando músculo”, afirma Vanessa Fernandes, sócia e diretora do Hay Group Brasil. A executiva lista alguns questionamentos que precisam ser feitos paralelamente à análise dos números relacionados à mão de obra, para não prejudicar os resultados da empresa:

Avaliar as competências atuais e futuras que a empresa não pode abrir mão. Segundo Vanessa, são aptidões importantes para conquistar novos consumidores e/ou garantir vantagem competitiva para a empresa. “No varejo, é o caso, por exemplo, do desenvolvimento das grandes bases de informação para conhecer melhor o perfil do consumidor, suas escolhas e hábitos. Portanto, não faria sentido cortar pessoas associadas à área de tecnologia”, exemplifica a executiva

Outro cuidado é verificar quantos profissionais são realmente necessários em cada área considerando as metas da companhia. Essa avaliação precisa ser feita considerando o quanto cada setor é crítico para o crescimento da organização

É preciso ainda, de acordo com Vanessa, analisar quais atividades poderiam ser terceirizadas. “A ideia é avaliar que áreas de negócios são as que a empresa precisa focar – as que são diferenciadas – e aquelas em que não é necessário investir tanta energia e dinheiro”, explica

Mais um aspecto importante é entender se o número de colaboradores está distribuído da melhor forma possível em termos geográfico e também de estrutura. Se a empresa tem tido crescimento, por exemplo, no Norte e Nordeste, precisa avaliar a quantidade ideal de pessoas nessas regiões a fim de sustentar as vendas ascendentes. O mesmo tipo de raciocínio deve ser feito quanto a níveis hierárquicos, independentemente dos locais de atuação. “É preciso analisar o que é necessário ter: 10 gerentes ou um gerente e 9 profissionais de outras funções?”, cita como exemplo Vanessa.
Segundo a executiva, cortar recursos é muito mais complexo do que uma simples decisão de custo. Ela lembra ainda que, embora ainda não seja comum, algumas empresas começam a optar pelo “fazer mais com os mesmos recursos”. Nesse caso, é preciso contar com equipes motivadas e dispostas a correr atrás dos resultados. Portanto, a atuação dos líderes é fundamental para esse modelo. Vanessa cita como exemplo uma empresa de varejo que decidiu buscar crescimento em 2014 e também neste ano, mesmo diante da retração econômica. Para contar com o apoio da equipe, vem realizando pesquisas organizacionais. Esses levantamentos demonstraram a necessidade de os líderes terem maior clareza e concisão na comunicação e de “inspirarem” seus times na hora de transmitir os propósitos da empresa.

Para preparar melhor as lideranças nesse sentido, foram realizados encontros. A ideia era conscientizar os líderes sobre seu papel individual nas metas da companhia e também como influenciadores dos demais funcionários. Vanessa explica que, nesses grupos de trabalho, foram definidos planos de ação para serem implementados. Eles contemplaram, por exemplo, como reconhecer determinados comportamentos ou o sucesso da equipe, como ter uma comunicação mais clara e efetiva, entre outros pontos. “A ideia era que eles deixassem de ser apenas gestores, para engajar o time a correr atrás do resultado, mesmo com objetivos mais ambiciosos. Era importante que as lideranças eliminassem aquele sentimento de muitas pessoas de que não faziam parte da estratégia definida”, explica a sócia e diretora do Hay Group. Todo esse trabalho resultou, além do crescimento em vendas, em uma redução de 25% no turnover no ano passado. “Essa varejista também continua ampliando seu market share”, afirma a executiva. E isso independente das dificuldades impostas pelo atual cenário econômico.

Autor: Alessandra Morita
Fonte:http://sm.com.br/

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