domingo, 1 de outubro de 2017

“Vamos recuperar o tempo perdido e botar o Carrefour em outra posição", afirma Abilio Diniz

Em entrevista ao Valor, o executivo comenta sobre a saída de Charles Desmartis, a chegada de Noël Prioux, a gestão de Plassat e de Bompard


O grupo francês Carrefour está no centro de um processo de mudança e para o seu terceiro maior acionista, o empresário brasileiro Abilio Diniz, esse movimento deve colocar a varejista num novo rumo, e fazê-la dar um salto no negócio digital. "O Carrefour sempre teve pessoas decididas a permanecer na zona de conforto. Hoje, a determinação do Bompard [Alexandre Bompard, CEO mundial desde julho] é que não se vive na zona de conforto. Nós vamos recuperar o tempo perdido e botar o Carrefour em outra posição", afirmou o empresário em entrevista ao Valor.

"Eu disse no conselho [de administração] que nós temos que saber o tamanho da nossa ambição. Se nossa ambição é um pouco mais do mesmo ou melhor", diz Abilio, que completa 81 anos em dezembro. A Península Participações, empresa da família Diniz, tem 12% das ações do grupo Carrefour no país e 8% no mundo.
Os planos passam por recuperar o ritmo de vendas, especialmente na França, e acelerar a transformação no braço on-line para que a varejista se torne realmente uma operação multicanal.

Essa busca por mudanças exigiu a troca de comando mundial, com a saída, em julho, de Georges Plassat, e a entrada de Alexandre Bompard. Abilio diz que as dificuldades que a empresa passa têm relação direta com o ex-CEO, que resistia a certas transformações. "Para mudar a pessoa precisa querer e Plassat não queria", diz. "Ele virou quase um mito no Carrefour. Ele pegou a empresa com a ação a €13 e levou a €26 e agora voltou a €17. Esse grande salto fez dele uma estrela, precisava ter cuidado para mexer".

Procurado ontem pelo Valor, Georges Plassat, que comandou o Carrefour por cinco anos, não quis comentar as críticas à sua gestão. "Não tenho nada a dizer", afirmou, em tom irritado, quando informado do teor da entrevista. Seu mandato só terminaria em maio de 2018. Sua saída foi decidida em meio a fortes tensões no conselho. A principal razão era a desvalorização das ações desde 2015. Quando ele deixou o grupo, elas estavam cotadas a quase € 22, após terem atingido € 33 há dois anos.

No Brasil, os ajustes que começam a ser implementados pelo CEO mundial - a reorganização de cargos de diretoria - levou à troca do presidente da operação local. Em outubro, sai Charles Desmartis e entra Noël Prioux, ambos franceses. Abilio defende Prioux de críticas do mercado - desde o anúncio da troca, a ação no país caiu 7%. A seguir, trechos da entrevista:

Como o sr vê as mudanças no comando do Carrefour no Brasil e no mundo?
Abilio Diniz: Primeiramente, vou colocar um contexto geral. O que acontece no Brasil não é um fato isolado daquilo que acontece no Carrefour global. O Carrefour está passando por uma transformação, vinha num período ruim, difícil, em que fazia bobagens, até chegar o Plassat em 2012. Até o Lars [Olofsson, CEO de 2009 a 2012] era descendo a ladeira com velocidade. Então, em 2012, entrou Georges e num primeiro momento, recuperou um pouco da empresa, da satisfação e do orgulho de ser Carrefour. Isso foi no começo. Na minha visão, ele usou uma forma errada de buscar a recuperação. Vendeu ativos para investir em preço. Não adianta só investir em preço. Tem que ter muito mais solidez em outras coisas. Na França, fez pouco e enfiou dinheiro no ralo.

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Fonte: http://www.sm.com.br

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