quinta-feira, 8 de junho de 2017

Têxtil ao fresco


Investigadores da Universidade de Stanford desenvolveram um têxtil à base de plástico que permite arrefecer e manter frescas as pessoas que vivem em climas quentes.

Os cientistas combinaram nanotecnologia, fotónica e química para desenvolver o material. «Se for possível arrefecer a pessoa em vez do edifício em que trabalha ou vive, isso irá poupar energia», explica Yi Cui, professor associado de ciência e engenharia dos materiais e de ciência da luz em Stanford.

Tal como o algodão, o novo têxtil permite que a transpiração se evapore através do material, mas o novo desenvolvimento possibilita ainda a libertação de calor que o corpo emite como radiação de infravermelhos. Esta última é uma propriedade do polietileno – o plástico usado como filme de cozinha.

«40% a 60% do calor do corpo é dissipado como radiação infravermelha quando estamos sentados no escritório», afirma Shanhui Fan, professor de engenharia elétrica. «Mas, até agora, tem havido pouca ou nenhuma pesquisa em manipular as propriedades de radiação térmica dos têxteis», acrescenta.

À saída da fábrica, o nanopolietileno assemelha-se ao filme usado na cozinha e, como tal, não é confortável ao uso. Para ultrapassar isso, a equipa fez três melhorias. Primeiro, efetuaram punções a intervalos regulares com uma agulha pequena, para deixar o ar entrar e sair. Segundo, acrescentaram uma substância chamada polidopamina, que torna o plástico mais hidrófilo. Isto significa que em vez de repelir a transpiração e fazer com que se acumule na pele, o nanopolietileno modificado absorve a transpiração e afasta-a para a superfície exterior do tecido, permitindo a sua evaporação. Em terceiro lugar, para melhorar as propriedades mecânicas do material, o produto final é composto por duas folhas de nanopolietileno com uma rede larga de algodão no meio.

Para testar a capacidade de arrefecimento do material experimental, os investigadores colocaram amostras do material plástico e de tecido de algodão sobre a pele e compararam as temperaturas. A variante com perfurações e rede de algodão reduziu a temperatura em 2 °C comparativamente ao tecido de algodão, sugerindo que usar o novo material pode fazer com que as pessoas recorram menos a ventoinhas e ar condicionado.

Os cientistas adiantam que vão continuar a trabalhar para aumentar a gama de cores, texturas e propriedades típicas dos tecidos. «Para desenvolver um têxtil, é necessário produzir grandes volumes de forma pouco dispendiosa», destaca Cui. «Em retrospetiva, algumas das coisas que fizemos parecem muito simples, mas é porque poucos têm realmente trabalhado na engenharia das propriedades de radiação dos têxteis», resume.

Fonte: https://www.portugaltextil.com/textil-ao-fresco/

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