segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Agenda promove transparência e ações de combate à desigualdade

Várias lideranças brasileiras ligadas ao movimento de responsabilidade social atuaram no Instituto Ethos nesses últimos 20 anos. “O Ethos sempre teve a maturidade de deixar que seus ‘passarinhos’ voassem’”, compara Mércia Silva, diretora executiva do Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (InPACTO), criado há quatro anos. Mércia foi coordenadora de políticas públicas na entidade em 2013 e 2014. “O Ethos abriu o campo da responsabilidade social para vozes de diferentes setores.”

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O InPACTO trabalha para unir empresas e organizações da sociedade civil a fim de prevenir e erradicar o trabalho escravo. Uma das iniciativas da organização é o Projeto Mesa de Café Brasil, que fomenta a transparência de ações de proteção social na produção do café. É realizado em conjunto com a ONG americana Catholic Relief Service (CRS), referência no enfrentamento à escravidão em mais de 30 países.

Giuliana Ortega, diretora executiva do Instituto C&A, que colaborou com o Ethos entre 2005 e 2010, afirma que construir uma abordagem setorial na área de sustentabilidade é importante para fortalecer ações mais afirmativas. “Segmentos como moda ou agropecuária, por exemplo, têm necessidades diferentes no caminho da responsabilidade social”, diz.

O Instituto C&A, que promove ações para transformar a moda em uma indústria mais justa e sustentável, é um dos apoiadores do Índice de Transparência da Moda, que deve ser lançado em outubro. O levantamento rastreou práticas de 20 marcas de roupas no país, como C&A, Zara e Hering. “Dar mais transparência ao setor vai ajudar a indústria a ser também mais sustentável, com condições de trabalho dignas.”

A educadora Neca Setúbal, que já participou como palestrante de várias conferências Ethos, ciclos de debates que o instituto realiza desde 1999, afirma que também é preciso levar a cultura da doação aos grandes grupos. Presidente do conselho de administração da Fundação Tide Setubal e do Gife, associação dos investidores sociais do Brasil, a especialista afirma que, como muitas empresas montaram suas próprias fundações, podem deixar de apoiar pequenas organizações que combatem a desigualdade social. “O investimento social privado é capaz de interferir em temas desafiadores do século 21, como a escassez de água, mudanças climáticas e a segurança pública.”

Instituído como uma organização sem fins lucrativos, em 1995, o Gife tem 141 associados que, somados, investem cerca de R$ 2,9 bilhões ao ano na área social. Segundo o último Censo Gife, principal pesquisa sobre o segmento no país e realizado com 116 associados da rede, quase metade (48%) dos participantes investiram R$ 6 milhões anuais em causas sociais no biênio 2015-2016. Os principais pontos de interesse foram educação (84%), formação de jovens para (60%) e cultura (51%).

Para Zuleica Goulart, coordenadora de mobilização da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis, censos e estudos sociais são fundamentais também para a criação de políticas públicas. O Mapa da Desigualdade, lançado pela Rede Nossa São Paulo há oito anos, lista os melhores e piores distritos da capital paulista em áreas como saúde, educação e mobilidade.

Fonte: Valor Econômico 

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