sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Dono da rede Mambo avalia vender fatia a sócio

André Nassar, presidente do conselho consultivo, afirma que a família não quer se desfazer de toda a empresa




A família controladora da rede de supermercados Mambo e do Giga Atacado, com R$ 1,7 bilhão em vendas previstas para este ano, analisa opções de capitalização e um dos caminhos é a venda de posição minoritária no grupo MGB, quer reúne os dois negócios. A companhia está contratando uma assessoria financeira para estudar propostas de fundos de private equity. O grupo soma 16 lojas - 10 Mambo e Petit Mambo e 6 Giga.

No último movimento neste sentido, anos atrás, a holding J&F, da família Batista, e o BTG Pactual, chegaram a negociar a aquisição de parte da empresa, mas as conversas não avançaram.

A retomada da discussão ocorre numa tentativa de levantar recursos para expansão da operação, que deve voltar a ter um foco maior nos negócios de supermercados. Mas não há hipótese de negociação da venda do controle do grupo MGB. Nos contatos com investidores no passado, as negociações giravam em torno da venda de 30%. O assunto está sendo considerado dentro de um conjunto de opções estratégicas e está sob análise do conselho consultivo.

"Até o fim de 2018 queremos fechar uma operação financeira que pode ser dívida estruturada, uma debênture de valor expressivo ou venda de participação minoritária para um fundo de private equity", diz André Nassar, presidente do conselho consultivo. O grupo não informa o valor da empresa ou o percentual que a família aceita negociar. Mas ressalta que não abre mão de se manter na gestão.

"Não temos interesse em vender [o controle] da companhia. Mas somos comerciantes e se vem alguém aqui com uma montanha de dinheiro na nossa frente e aquilo faz sentido, a gente vende a companhia e faz outros negócios. Mas hoje não estamos querendo nos desfazer [de toda a empresa]".

Segundo ele, a negociação que envolveu a J&F, em 2011, por meio do banco Original, não evoluiu porque a família Batista queria o controle do grupo. "Eles faziam questão, mas para nós não fazia sentido. Eu vou trabalhar para eles e eles vão decidir o que vamos fazer?". Procurado, o Banco Original não se manifestou. Dois anos depois, as conversas envolveram o BTG Pactual. "Eles [BTG] trariam uma empresa do interior de São Paulo em recuperação judicial com cinco lojas e esta se somaria a outra rede que eles também trariam. Teríamos 70% do novo negócio criado e a garantia seria uma dívida que nós iríamos fazer em dólar. Colocaríamos todo o patrimônio da família garantindo o negócio e não haveria nenhum aporte", disse. "Era um negócio 'a la ovo com bacon' sendo que a gente era o porco". O BTG não comenta o assunto.

O BTG reduziu sua área de private equity após uma crise dois anos atrás que reduziu o seu tamanho. A J&F, da família Batista, também tem se desfeito de parte de seus ativos. Se uma sociedade avançar, diz Nassar, a ideia "é um sócio não envolvido em nenhuma situação que, se derrapar, te leve junto".

Segunda geração no comando 

André Nassar é da segunda geração da família fundadora do grupo - seu pai, Rauf Nassar, atualmente presidente do conselho do grupo, teve três filhos (além de André, Lucas e Marcos) e todos trabalham na companhia. O avô de André, João Nassar, teve dez filhos - parte da família abriu o Mambo e a outra, a rede Cobasi. A questão de governança corporativa é um dos aspectos de uma eventual negociação - e ponto que o grupo diz que passou por avanços.

"Eles [atuais donos] têm a maioria no conselho, estão na gestão e ainda seriam majoritários. Um fundo como sócio minoritário colocaria dinheiro e teria que nível de interferência nessa estrutura?", diz um gestor de fundo. Os irmãos trocam entre si os mandatos de CEO (hoje, Marcos Nassar) e de presidente de conselho a cada dois anos. Jean Duboc (ex-Carrefour) e Maria Aparecida Fonseca (ex-GPA) são membros do conselho.

Segundo Nassar, a previsão é de crescimento de 35% a 40% nas vendas brutas do grupo em 2017, com a soma atingindo R$ 1,7 bilhão no ano - foi R$ 1,2 bilhão em 2016. Até junho, a alta foi de quase 29% em relação ao ano anterior. Dois terços da receita do grupo vêm do Giga e um terço, do Mambo. Para vendas "mesmas lojas" (em operação há mais de um ano) a previsão é de alta de até 5% neste ano.

Apesar da estimativa geral de expansão de dois dígitos, o desempenho tem sido penalizado por uma piora dos resultados do Giga. A operação está sentindo efeitos da deflação e da concorrência, diz o empresário. "Cerca de 80% do que vendemos é 'commodity', segmento que mais sentiu a queda nos preços [que afeta receita nominal]. Além disso, a competição aumentou rapidamente. Lojas [rivais] estão abrindo muito mais perto da gente. Não é sustentável e já vemos redes fechando."

Mesmo assim, a previsão é que o Giga registre uma taxa alta de expansão, de 50% neste ano. Isso porque das seis unidades, três serão pontos abertos em 2017, o que eleva a taxa. Ao se considerar lojas antigas, a alta é de um dígito baixo. 

Nesse cenário, o grupo tomou algumas medidas. Decidiu ser mais agressivo na política comercial do Giga - comprando volumes maiores com a indústria para compensar a queda da inflação.

"Estávamos muito na defensiva e paramos com isso. Chamamos os fornecedores e passamos a comprar volume equivalente a até seis meses em vendas. E com a ideia de vender isso em um mês, reduzindo preços para ampliar escala", diz. Outros atacadistas têm seguido a mesma estratégia em itens com baixo risco de encalhe.

Investimentos 2018 

Nassar ainda diz que o grupo deve destinar mais investimentos para os supermercados Mambo em 2018. Fará isso de maneira a equilibrar uma provável desaceleração do atacado, pressionado pela deflação e concorrência. Nassar acha possível três aberturas do Mambo em 2018 (neste ano foi uma), mas ressalta que isso ainda tem que passar pela avaliação do CEO. Em relação ao Petit Mambo, a rede de vizinhança, o plano é ter mais 50 lojas até 2021.

Neste ano, houve uma abertura de um Giga, e serão mais duas novas lojas: outro Giga e um Petit Mambo, em São Paulo e região metropolitana. Os investimentos devem ser de cerca de R$ 30 milhões, oriundos de bancos de varejo.

Paralelamente, a empresa vai tomar algumas medidas no comércio eletrônico. O grupo vai testar um modelo de venda pelo site do Giga para retirada em lojas do Mambo. "Sairá do nosso centro de distribuição em caixa fechada e já faturado. É algo que será rentável quando ganhar eficiência", diz. O site do Giga começa a funcionar neste mês, para entrega em lojas do Giga e, posteriormente, em unidades do Mambo. "Se isso der certo vamos partir para retirada de produtos em contêineres móveis. O cliente compra nos sites e retira em contêineres pela cidade. Mas é algo para daqui a alguns anos".

Fonte: Valor Econômico

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